Projeto do Barong entrega ARV com sigilo na casa da PVHA

Projeto entrega medicamentos e acompanha em consultas e exames

Iniciativa pioneira, projeto “Art em Casa” contribui com adesão à TARV

Estratégia pioneira implementada pelo Instituto Cultural Barong no contexto da pandemia de covid-19, o Projeto “Art em Casa” desenvolve uma série de ações para contribuir com a adesão ao tratamento e a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV ou aids (PVHA) e, também, das pessoas trans.

O Projeto “Art em Casa” entrega medicamentos antirretrovirais (ARV) e para prevenção ou o tratamento de infecções oportunistas (IO), incluindo medicamentos complementares, controlados e suplementos nutricionais para Pessoas Vivendo com HIV ou AIDS (PVHA), bem como com os medicamentos para a hormonioterapia (HMT) de homens e mulheres trans ou com variabilidade de gênero.

Essas entregas são feitas pelos serviços de correio e pessoalmente, com os veículos do Barong. "As entregas pessoais acontecem principalmente em zonas de risco, onde o correio se recusa a fazê-las, por questões de segurança. Essas regiões são, muitas vezes, comunidades que o Barong consegue ter acesso sem expor sua equipe a qualquer tipo de risco, viabilizando essas entregas com os próprios moradores e/ou com seus líderes comunitários", explica a assistente social Marta Mc Britton, presidente do Barong.

Com 43 anos, Lorrany Arantes está casada e começando um novo ciclo de vida. Quando conheceu o Barong, ela diz que não imaginava que “num dos momentos mais complicados e difíceis” de sua vida teria ajuda quando “mais precisava”. “O meu esposo saiu do hospital e a gente precisou de uma medicação bastante cara. O Barong se prontificou a trazer a medicação e o meu marido já está tomando. Eu tenho muita gratidão”, diz ela.

 

Consultas e exames
“Na execução do Projeto Balaio, durante o período mais crítico da pandemia, percebemos que, além dos problemas de mobilidade, ainda havia uma lacuna que precisava ser preenchida”, conta Adriana Bertini, diretora de projetos do Barong. A lacuna tinha a ver com o não comparecimento a consultas e às coletas de exames de rotina. “Além da questão da locomoção, em alguns exames, as pessoas precisam de acompanhante e elas não têm.

Assim, a equipe do Projeto “Art em Casa” também acompanha pessoas vivendo com HIV ou aids em suas consultas e exames, prioritariamente aquelas com dificuldade média ou grave de locomoção. “Durante a pandemia de covid-19, o Barong identificou PVHA que não tinham como comparecer a seus agendamentos para consultas ou exames porque seus acompanhantes geralmente eram pessoas mais velhas e/ou sem recursos para utilizar um transporte particular e/ou tinham com receio de utilizar transporte público durante a pandemia”, diz Bertini.

“O Barong apareceu na minha vida no começo da pandemia e me ajudou num monte de coisa. Se não fosse pelo Barong eu não estaria aqui hoje. Eles me dão assistência médica porque pegam o remédio pra mim, eles me levam na consulta e sem isso eu não poderia ir na minha consulta, eles me forneceram psicóloga”, afirma Ludimila Raquel Domingos (na foto).

Para garantir que a sorologia das PVHA atendidas não seja revelada, a sigla “Art”, abreviação de antirretroviral em inglês, propõe dúbio sentido tanto quanto “em casa”, recomendação para a segurança anti-infecção pelo vírus da covid-19. “A proposta desvincula as palavras HIV e AIDS para preservar a confidencialidade, o sigilo da sorologia e facilitar o acesso ao tratamento antirretroviral no período de pandemia, retenção ou dificuldade de mobilidade”, argumenta Marta.

 

Focando na adesão
Associada à entrega de medicamentos, “Art em Casa” visa conribuir para uma maior adesão ao tratamento do HIV/AIDS, a revinculação das PVHA e de pessoas da comunidade LGBTTQIA+ aos serviços públicos de saúde, seja por meio da busca ativa de pacientes em situação de abandono da terapia hormonal e/ou antirretroviral, seja oferecendo suporte psicológico, jurídico e de assistência social.

A parceria firmada com o Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), o SEAP e o CRT-DST/AIDS-SP possibilitou ao Barong acompanhar PVHA usuárias de cadeiras de roda, sem familiares e/ou amigos que possam estar com elas nos serviços, ou pessoas que necessitam fazer exames e que precisam de acompanhantes para a realização de endoscopias e colonoscopias, por exemplo. Estas PVHA desistem dos seus exames apenas por não terem acompanhantes, mas, também, porque não desejam, em hipótese alguma, revelar sua condição sorológica a familiares e/ou amigos.

Entre os objetivos do Projeto “Art em Casa” está a manutenção do vínculo entre as PVHA e o SUS, extremamente fragilizado na pandemia de covid-19. A partir da implementação das estratégias do projeto, este vínculo é retomado paulatinamente, garantindo um retorno seguro aos serviços.

Assim como objetivos, o Projeto “Art em Casa” tem algumas palavras-chave em sua missão: garantir o acesso e a inclusão da população socialmente mais vulnerável aos equipamentos de saúde, bem como sua retenção no serviço, estimulando a adesão ao tratamento e ao conhecimento da legislação sobre sua saúde. Acesso, inclusão, retenção, adesão e legislação visando a um/a usuário/a empoderado/a, com autonomia.

Pensado para atender especificamente a PVHA em seguimento no IIER, SEAP-DMIP.HC FMUSP, CRT e Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais, o Projeto “Art em Casa” está alinhado às metas globais do Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) para eliminar a epidemia de aids até 2030, bem como aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pelas Nações Unidas.

O Projeto “Art em Casa” foi elaborado e é executado pelo Barong em parceria institucional com IIER, SEAP-DMIP.HC-FMUSP, CRT-DST/AIDS-SP e Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais (Asitt-CRT). O Projeto “Art em Casa” é financiado por Doritos, Janssen e ViiV Healtcare / GSK.

 

O Projeto “Art em Casa” oferece:

  1. Atendimento Psicológico: consultas remotas e atendimento presencial na unidade móvel / van-consultório;
  2. Assistência Social: avaliação de vulnerabilidades e solução de problemas através da inserção nos benefícios governamentais (Atende / Bilhete Único / Auxílio-gás / Auxílio-doença / Aposentadoria por invalidez / Benefício de Prestação Continuada / LOAS); Serviço “leva e traz”, realizado por integrantes da equipe do Barong, para pessoas com mobilidade comprometida e acompanhamento de pacientes em suas consultas clínicas e exames;
  3. Assistência Jurídica: orientação para mudança do registro civil e encaminhamento/acompanhamento de pacientes junto às esferas jurídicas;
  4. Oferta de insumos de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis;
  5. Oferta de insumos de prevenção ao SARS-CoV-2, vírus que causa a covid-19;
  6. Promoção e incentivo à imunização e manutenção do calendário vacinal para PVHA; encaminhamento ao Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.

 

O Barong
Criado em 1996 por profissionais da saúde e das artes cênicas, o Instituto Cultural Barong percorre os mais variados caminhos com o objetivo de promover a educação e a saúde sexual e reprodutiva entre a população em geral.

A equipe multidisciplinar da ONG é formada por agentes de saúde, psicólogas, sexólogas, médica sanitarista, enfermeira, assistentes sociais e arte-educadores, e acredita que o acesso às informações sobre saúde é um direito de todos.

O diferencial do Barong é a itinerância, buscando estar “presente onde a vida acontece”, para dialogar sobre o universo da sexualidade, da saúde do homem, do uso abusivo de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, do HIV/Aids, das infecções sexualmente transmissíveis, das hepatites e da tuberculose com a população em geral.

 

Inscrições de pacientes
Pacientes do CRT/AIDS: https://bit.ly/artemcasa_crt
Pacientes do Ambulatório Trans / CRT: https://bit.ly/artemcasa_tt
Pacientes da SEAP-DMIP / HC – FMUSP: https://bit.ly/artemcasa_ca
Pacientes do Instituto de Infectologia Emilio Ribas: https://bit.ly/artemcasa_er

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