Primeiro de Dezembro, 2021 – 40 ANOS DE EPIDEMIA

Jenice Pizão, Secretária Política MNCP (ZR/CD)

Fabiana Oliveira e Jenice Pizão

Bom dia à Deputada Erika Kokay, ao Deputado Alexandre Padilha, que está online, parceiros da Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às IST, ao HIV/AIDS e às Hepatites Virais que há anos nos apoia, à equipe da gestão do DCCI [Departamento de Doenças de Condições Crônicas e IST] e do UNAIDS Brasil [Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS], aos representantes dos movimentos sociais presentes e online e às demais pessoas presentes nesta homenagem pelo Dia Mundial de Luta contra a epidemia de AIDS.

Sou Jenice Pizão, do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas e sou uma MVHA [mulher vivendo com HIV e AIDS] há 31 anos.

Receber o diagnóstico positivo para o HIV foi muito impactante há 31 anos. E o pior, continua sendo nos dias atuais, pois o estigma, o preconceito e a discriminação trazem o medo, o desespero e vai em direção oposta à prevenção e ao tratamento das PVHA [pessoa vivendo com HIV ou AIDS].

Mesmo tendo acesso aos ARV [antirretrovirais] através do SUS, nos defrontamos com inúmeras dificuldades e desafios no âmbito pessoal, social e institucional, AINDA HOJE, quando chegamos aos 40 anos de epidemia de AIDS no Brasil. Isso nos põe em alerta.

Somos mais de 100 mil mulheres vivendo com HIV/AIDS no Brasil, representamos 30,6%, de 2007 a 2020 no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.

Somos mulheres plurais, jovens, idosas, urbanas, ribeirinhas, da floresta, do campo... somos brancas, pretas e pardas, cis, trans, lésbicas, com nossas demandas específicas.

Somos mulheres vivendo cotidianamente com o acúmulo de funções, sofrendo com o machismo estrutural, com a homofobia, com a desigualdade de gênero, com a violência doméstica, com dificuldades de acesso aos serviços de saúde, além das violações aos nossos direitos sexuais e aos nossos direitos reprodutivos.

Se não bastassem estes fatores que nos vulnerabilizam, enfrentamos hoje a ameaça de um governo irresponsável que nos vê como despesa, reforçando o estigma e a discriminação em relação ao viver com AIDS. Estamos vendo outras iniciativas deste governo, entre elas o encerramento das redes sociais do DCCI, impedindo o acesso às informações seguras.

É importante salientar que a AIDS e a sexualidade se tornaram assunto proibido nas escolas dificultando a prevenção à IST e facilitando, assim, uma gestação não planejada, entre meninas e jovens.

Desapareceram as campanhas adequadas de prevenção, reduzindo as informações seguras de prevenção e contribuindo para a invisibilidade do tema AIDS.

Antes tínhamos um Programa de IST, AIDS e Hepatites Virais considerado referência mundial na luta contra a epidemia. Hoje, este “Programa-referência”, sofreu um “achatamento”, tendo que associar-se a outras patologias, mesmo que a gestão tente fazer uma limonada com o limão que sobrou.

Enfrentamos os retrocessos do sub financiamento do SUS e a carência de políticas públicas de saúde e educação. 

Enfim, não há uma exclusividade nas ações para o HIV/AIDS e a resposta à AIDS não é vista com prioridade. Assim, atividades como essa são imprescindíveis para dar à AIDS a visibilidade necessária.

Necessitamos urgentemente de políticas públicas que garantam acesso à saúde, educação, trabalho digno e justiça social para PVHA, sem estigma nem discriminação.

Precisamos proteger os direitos humanos, apoiar as pesquisas científicas e garantir um SUS fortalecido.

Queremos ver nossos filhos crescerem sem o estigma da AIDS.

Queremos a cura, já!

 

As secretárias
Rafaela Queiroz, 30, Secretaria Executiva
Fabiana Oliveira, 52, Secretaria de Comunicação
Silvia Aloia, 51, Secretaria de Mobilização de Recursos
Jenice Pizão, 62, Secretaria Política.

Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas

 

 

 

Fotos
Jenice Pizão por Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Secretaria Nacional do MNCP: MNCP

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