Ceará diz ter regularizado fórmula láctea; mãe continua sem alimentar filho exposto ao HIV

Maquete do novo HSJ, anunciado em agosto de 2020

Secretaria não responde a 4 de 5 denúncias do Fórum de ONG/aids do Ceará; ‘Gonzaguinha’ de Messejena segue sem fórmula láctea, diz mãe de criança exposta ao vírus

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) informou que “uma das empresas ganhadoras da licitação não entregou a fórmula láctea específica para crianças de até seis meses expostas ao HIV/Aids”. Segundo a assessoria de comunicação, “o produto chegou” ontem (6) e todas as unidades tiveram seu fornecimento regularizado nesta quinta-feira (7).

Não foi o que disse por áudio, por volta das 16 horas desta tarde, mãe de criança exposta ao HIV, que hoje tentou retirar a fórmula láctea no Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejena e não conseguiu. Segundo afirmou na sede da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+) no Ceará, há dois meses seu bebê está sem o alimento e ela já não sabe mais o que fazer.

À Sesa, Saúde Pulsando elencou cinco pontos das denúncias que o Fórum do Movimento Social de luta contra a Aids do Ceará divulgou no último domingo (3), por meio de Carta Aberta. O primeiro deles, sobre reforma e ampliação do Hospital S. José, cuja obra não tem data de início “mesmo mensalmente denunciando aos gestores da SESA até chegar à Casa Civil do Governo do Estado”; ainda no HSJ, sobre a suspensão do oferecimento da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, pois, segundo o Fórum cearense de ONG/aids, “uma única médica acompanha 1050 pacientes”.

A Sesa ignorou o ponto sobre a reforma e respondeu que o HSJ fornece a profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV e que a PrEP é “concedida” por meio de uma parceria com a Universidade de São Paulo.

O terceiro ponto referiu-se às mais de 130 pessoas vivendo com HIV ou com aids transferidas do Serviço de Atendimento Especializado Meireles – cujas atividades foram encerradas há quatro meses – à Policlínica Bonsucesso, sem que estas 130 pessoas tivessem prosseguimento no seu tratamento ambulatorial “por falta de médico infectologista”. Segundo o Fórum de ONG/aids do Ceará, denúncia da RNP+ Ceará foi protocolada no Ministério Público Estadual, mas as pessoas, no entanto, ainda esperam pela continuidade do tratamento.

A nota da Sesa também não responde o ponto sobre a sustentabilidade das ações das ONG/aids filiadas ao Fórum de ONG/aids do Ceará, que há dez meses esperam pelo “recurso do edital da sociedade civil”.

A seguir, a resposta da Sesa às questões de Saúde Pulsando.

 

“A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que uma das empresas ganhadoras da licitação não entregou a fórmula láctea específica para crianças de até seis meses expostas ao HIV/Aids. Na quarta-feira (06) o produto chegou, e nesta quinta-feira (7), a Sesa regularizou o fornecimento da bebida láctea em todas as unidades.

Em Fortaleza, o Hospital São José (HSJ), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), fornece a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) em caso de violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha); acidentes de trabalho com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico. A PEP é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Com o uso dos medicamentos, é possível reduzir o risco de o paciente adquirir as infecções.

Por meio do Projeto Combina, realizado em parceria com a Universidade de São Paulo, o HSJ concede a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) sob demanda. A prevenção é indicada antes da exposição ao vírus do HIV e reduz a probabilidade de a pessoa se infectar. Os usuários podem solicitar a participação no Projeto pelo número (11) 94701-5248 (telefone e Whatsapp). Durante a pandemia, conforme orientação do Ministério da Saúde, o HSJ passou a acompanhar a cada quatro meses os pacientes que usam a PrEP. Antes, a assistência era prestada trimestralmente.
Assessoria de Comunicação da Sesa”.

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