Acusado de sorofobia, tik-toker denuncia chantagem e faz ‘live’ com PVHA

Na live, Lucas Lani, Vanessa Campos, Leo Cezimbra e Rafuska Queiroz (no sentido horário).

Você conhece o influenciador digital Lucas Lani (@lucaslani_)? Pois bem, milhares de pessoas o conhecem. Lucas é um carioca de 18 anos seguido por mais de 400 mil perfis no Tik Tok – mais de dois vídeos dele têm mais de 600 mil visualizações.

Entre as pensatas comuns a “super” adolescentes, Lucas toca piano, canta e tem uma coleção de óculos que leva seu nome, produzidos e vendidos por uma ótica de uma cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, os quais ele oferece em fotos mezzo casuais, mezzo produzidas, cujo modelo é obviamente ele, Lucas Lani.

Estudante de Medicina – segundo informa em seu perfil no Instagram –, seu erro foi fazer um vídeo com uma piada sobre HIV/aids. Na piada, preconceito, estigma e discriminação – como aliás é comum em piadas com minorias raciais, étnicas ou sexuais.

Lucas deletou o vídeo da rede social porque um outro influenciador digital “defensor da causa do HIV/aids” viu o vídeo. Depois, com outro vídeo, denunciou ter sido acusado de sorofobia, e, num terceiro vídeo, Lani também denunciou a chantagem e a tentativa de extorsão que sofreu deste outro digital influencer do HIV, que lhe ameaçou, exigiu que fosse feita uma live para que fosse explicado à audiência de Lucas o que ele havia falado. A live custaria ao “sorofóbico” Lucas a bagatela de mil reais. Diversos outros influenciadores digitais do campo do HIV e da aids procuraram o tik-toker. Com custo zero, ele aceitou fazer uma live com SoroposiDhiva (@soroposidhiva), Leo Cezimbra (@leocezimbra) e Rafuska Queiroz (@rafuskaqueiroz).

A live aconteceu nesta segunda-feira (26), às 17h. Com uma boa audiência (55 pessoas nos primeiros 20 minutos), as pessoas vivendo com HIV ou com aids puderam explicar ao tik-toker o que é uma pessoa soropositiva e uma pessoa vivendo com HIV ou com aids. Também relataram ao estudante de medicina e a seus espectadores, com experiências vividas, como piadas e outras “brincadeiras” podem afetar a adesão ao tratamento, o autocuidado com a saúde e a autoestima das pessoas vivendo com HIV ou com aids.

Secretária do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP), membra da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJVHA), Rafuska Queiroz disse que quando fala publicamente sobre HIV, “as pessoas me olham diferente a partir do momento que digo a forma de transmissão”.

Alinhamento com o movimento social
As tentativas de crime não foram abertamente citadas durante a live. A SoroposiDhiva Vanessa Campos, representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+) no estado do Amazonas (RNP+AM), secretária de informação e comunicação da RNP+ e escreve a coluna Cor de rosa-choque aqui no Saúde Pulsando disse que “é inadmissível que se use a bandeira de luta contra a aids pra praticar crime de chantagem, de extorsão. A gente não aceita isso! Isso não é papel do ativismo”, argumentou. Para ela, que propôs a live a Lucas, “não é a quantidade de seguidores de uma pessoa que fala de HIV que define a sua representatividade”.

O escritor e YouTuber gaúcho Leo Cezimbra disse que não era ligado ao movimento social de luta contra a aids. No entanto, hoje ele é filiado à RNP+ no Rio Grande do Sul. “Eu acho importante que as pessoas estejam alinhadas com o que pensa o movimento social, que lutou pelo medicamento que temos.”

Compartilhe nas redes sociais: