Jaraguayanna mostra vivências LGBTQIA+ no bairro do Jaraguá

O guarani bissexual não binário Rafa Kaje. Foto: Reprodução

Documentário traz histórias de vida de pessoas LGBTQIA+ que se reinventam cotidianamente

Com o objetivo de abordar assuntos como a sensação de pertencimento ao espaço em que se mora, de propor experiências aprofundadas sobre as vidas de pessoas LGBTQIA+ localizadas em contextos diversos, mas também de oferecer ao público um imaginário que distancie as sexualidades e identidades de gênero não hegemônicas do sofrimento e da dor, o coletivo multiartístico Descompanhia (Biu)tifol estreou o documentário Jaraguayanna, com exibições presenciais realizadas na quinta-feira (23), no Fofão Rock Bar, e na sexta (24), no Galpão Casa 1. Agora, tem programadas exibições online nos canais do YouTube da companhia e de coletivos parceiros.

Sob direção geral de Victor Pessoa e direção de arte de Airton Cruz, Jaraguayanna traz registros das vivências de seis pessoas residentes no bairro do Jaraguá, em São Paulo, que vivem realidades muito distintas entre si: Angel é uma mulher trans de 46 anos; Carla é uma mulher travestigênere, estudante; Duda é uma pessoa gay; Luisa é bissexual; Rafa Kaje é bissexual, não-binário e indígena do povo guarani; e Vitor, uma pessoa não-binária.

Para Victor, a ideia foi dar ao documentário um lado polidimensional sobre essas experiências de vida, compartilhando com o público um olhar para essas pessoas que não trouxesse o fato de serem LGBTQIA+ como identidade única. “Isso não faz com que as dores sejam tratadas de forma leviana, mas como algo que não é determinante e que também serve como um propulsor para avançar”, explica.

O fato de o documentário focar em pessoas moradoras no Jaraguá tem a ver com o desejo de explorar temas como o pertencimento e o direito à cidade. “Jaraguayanna traz um pouco do contexto de [ter que] criar condições de existência no local que estamos, independentemente de onde ele esteja localizado. Ao ser ocupado, o lugar se torna um território de resistência e de disputa”, salienta Victor, complementando, ainda, que as falas das pessoas convidadas apontam para a criação de um local saudável para habitar, algo que é promovida por uma força coletiva.

O documentário foi elaborado ao longo de 15 meses, também foi construído colaborativamente, com equipamentos emprestados por coletivos e organizações culturais do bairro do Jaraguá. As pessoas entrevistadas ao longo do processo foram remuneradas e as gravações realizadas de modo a não interferir com os compromissos das suas rotinas. A equipe de Jaraguayanna também providenciou um profissional de psicologia para ficar à disposição das pessoas durante as gravações.

Sobre o título do documentário, Victor parece sonhar e diz que espera “que esse nome fique como forma de nos reinventarmos dentro do bairro”. Jaraguayanna é uma referência ao pajubá e a toda comunidade LGBTQIA+, finaliza.

Jaguarayanna é um documentário da Descompanhia (Biu)tifol e foi realizado com recursos do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais – VAI, instituído pela lei de incentivo à cultura da cidade de São Paulo

Descompanhia (Biu)tifol
Coletivo artístico multilinguagem, a Descompanhia Biu(tifol) é formada por artistas LGBTQIA+ do extremo da zona noroeste de São Paulo, região periférica da cidade. Criado em 2019, a coletivo-descompanhia começou seu trabalho com dança, mas, durante a pandemia deslocou-se para a performance, a videoarte, as artes visuais, o teatro, a fotografia e o cinema. O primeiro trabalho do grupo, “Dutos (In)visíveis”, estreou em dezembro de 2020, no Centro Cultural da Diversidade da Cidade de São Paulo.

A Descompanhia (Biu)tifol tem parceria com o CEU Pêra Marmelo, aparelho cultural da região do Jaraguá, onde realiza atividades abertas ao público, como formação em produção cultural para os artistas do bairro, e saraus. Além disso, em 2020 participou da Festa Literária Noroeste – Flino, com a exibição de um vídeo-dança e uma exposição de fotos virtual; ainda na pandemia, no Festival Satyrianas 2020, promoveu a roda de conversa “BIUS conversam: Produção de arte LGBTQIA+: como nossas vivências alteram nossa estética”.

Serviço
Documentário: Jaraguayanna
Direção Geral e Roteiro: Victor Pessoa
Assistência de direção: Vitória Albano
Diretor de Arte: Airton Cruz
Câmera: Carolini Françoso
Produção: Glaucia Marina
Entrevistades (ordem de aparecimento): Angel Gomes, Carla Pinheiro, Edu Souza, Luisa Silva Rafacho, Rafa Kaje e Vitor Munhoz
Dançarino convidado: Eri Sá
Figurinos: Iara Martinhos
Maquiagem: Monique Bezerra
Edição de vídeo: Richner Allan
Colorização / Colorista - Madame Koala Produções: Ana Machado, Fernando Gyori e Vitor Artese
Edição de Som: Ricardo Altschul
Trilha sonora: Alambradas
Designer gráfico: Larissa de Abreu
Assessoria de Imprensa: Diogo Locci

Agradecimentos: Laine Daniel, Centro de Integração da Cidadania, AGO Filmes, Arun Psicologia, Tricka Carvalho, Tio Julio, Coletivo Salve Kebrada, Cine Taipas, Fofão Rock Bar e Coletivo Quilombaque

Exibições online no canal da Descompanhia (Biu)tifol, no YouTube, até 30 de junho.
Disponível online a partir de 1 de julho.

 

 

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