Foto de Marche de Nuit pour L'elimination des violences sexistes

Por Elisiane Pasini

Já é noite aqui em Marseille, mas como estamos na primavera, o sol ainda está lá fora. No Brasil, faz calor em Teresina, Natal e no Recife, cidades onde Célia, Diana e Vânia[1] moram, três trabalhadoras sexuais (TS)[2], que gentilmente aceitaram conversar comigo sobre o dia 2 de junho, em que se comemora o Dia Internacional das Prostitutas, no mundo todo. Nesse dia, nós fizemos o que fazemos muitas e muitas vezes dos nossos dias, batemos papo, nós 4, livremente! Hoje foi um pouco diferente, pois a conversa foi gravada e nos olhamos (quase sempre, nós conversamos pelo whatsapp). Vânia, chama seu filho para ajudar em um problema na internet. Antes de começarmos meu marido vem falar um “coucou” para elas. Esse foi o clima que começamos nossa conversa.

Aviso a quem nos lê que não foi uma entrevista, pois eu não saberia fazer. Foi mesmo uma conversa entre amigas, com muito afeto, piadas, lembranças, risadas, concordâncias e discordâncias, concepções incríveis, sonhos, trocas e aprendizagens. Foi um lembrete das TS sobre o quanto elas continuam atentas, incríveis e fortes, apesar de tantos problemas que estão vivendo. Nós conversamos sobre o orgulho de ser uma TS e o momento que estamos vivendo em plena pandemia da covid-19. O ano de 2021 está aqui, um ano depois do meu primeiro artigo no Saúde Pulsando em que já nos perguntávamos o que teríamos para comemorar no Dia Internacional das Prostitutas?[3]. Dessa forma, o texto é o mais fiel possível às falas das TS, mantendo a maneira que cada uma se expressou. Nós falamos mais de duas horas, muito mais do que eu previa. Só depois percebi que seria impossível compartilhar toda nossa conversa com vocês e assim entendi que boa parte ficará para outro momento.

Obrigada por estarmos juntas! Obrigada por vocês estarem atentas e fortes! Viva o dia 2 de junho. Escutemos as TS! Elas existem e resistem e comemoram o seu dia.

Eu começo perguntando se elas lembravam quando ouviram pela primeira vez sobre o Dia Internacional das Prostitutas e o que significava essa data em suas vidas de militância. Diana começou, “esse é o nosso dia, o dia das Prostitutas! Eu fiquei muito feliz quando descobri que existia esse dia. Mas, ao mesmo tempo, quando descobri o que aconteceu lá na França[4], eu fiquei triste. O dia da gente surgiu a partir de uma coisa tão triste que aconteceu em Lyon. Quando eu comecei a ver que precisou de tudo aquilo para a gente ter nosso dia, aquela violência toda com as mulheres. Mas, aí eu fui pesquisar outras datas comemorativas, a gente chama de comemorativa, mas é uma data de luta, de resistência, de ir em frente. Eu vi que outras datas sempre vinham de alguma coisa triste. Precisou acontecer alguma coisa para surgir a comemoração. Eu fiquei sabendo desse dia em um encontro das prostitutas, que eu participei. Eu achei bonito o que as colegas faziam, a Luza lá na Paraíba[5], o Gempac, em Belém[6]. Se existe o dia, então vamos trabalhar. Nós fizemos aqui em Natal, em 2005, eu e a Marinalva[7]. O primeiro problema foi chamar as mulheres, que era difícil, por que muitas tinham dificuldade de assumir, ainda hoje algumas têm. Elas são prostitutas, mas ainda não se identificam publicamente. Tem toda uma história! Muito preconceito contra a gente. Eu até entendo elas. Então nos juntamos com outras entidades e fomos para a praça Gentil Ferreira (praça importante de Natal) e fizemos nosso primeiro Puta Dei[8]”. Vânia conta que “em Pernambuco a primeira comemoração já fez 15 anos. A APPS está com 20 anos. Quando começamos a participar de encontros e ficamos sabendo que no dia 2 de junho 150 prostitutas francesas se rebelaram e começaram a luta por dignidade, por direitos e pelo combate a violência e, por isso, esse dia foi consagrado nosso dia entendemos a sua importância. Aqui em Pernambuco, no Brasil, e no mundo tem atividades. Dia 2 de junho é um dia que está crescendo e tendo cada vez mais visibilidade. A gente aqui sempre fez uma Feira, na praça onde tem prostituição, a gente fazia uma parte social, a gente ia para lá e fazia os documentos, uma parte de saúde, aferia pressão, glicose e tinha sempre uma atração; bolo, refrigerante, a gente fazia também um Brechó, com doações da sociedade e vendíamos barato. Isso tudo antes da pandemia. Este ano nós faremos uma homenagem, juntamos as 20 mulheres que estão à frente da APPS e vamos soltar uma homenagem. (...) Nesse tempo de pandemia, tudo fica mais difícil, a Associação trabalha para buscar direitos das prostitutas, mas na pandemia a gente tem obrigação de ser solidária. O foco dessa pandemia é a solidariedade entre nós, prostitutas. Aqui o governo do estado e do município e outras ONGs, também ajudaram. Nós temos distribuído cestas básicas. Não tem sido fácil. (...) Eu acho que é esse dia é um dia de resiliência! O ato de 2 de junho é um ato digno, é um ato que representa a luta das prostitutas, não importa o nome que dê a essa atividade, ela é válida e vamos comemorar”.

Eu queria entender o que se tem para comemorar no dia 2 de junho de 2021? Vânia diz que é “a nossa resistência, a nossa força, a nossa luta. A gente não pode deixar de comemorar. É comemoração mesmo por dignidade. É comemoração mesmo para a gente ter uma visibilidade. Todo movimento tem seu dia (...). Por que a gente, que é puta, não pode ter o nosso dia? A gente tem que lutar para dar visibilidade. E vamos festejar. A gente deve continuar lutando, independentemente das nossas diferenças, sempre dando visibilidade ao movimento e a esse dia. Eu sempre foco nessa história. Tem o dia das prostitutas e não vamos deixar morrer. Nós putas temos que lutar por nós”. Diana segue “eu vejo assim, que nesse Dia Internacional das Prostitutas, em 2021, é um ano da gente cobrar. Eu vejo que tem muita coisa aí que está debaixo do tapete. A sociedade e os governantes estão colocando debaixo do tapete e continuam nos deixando invisíveis. E, ao mesmo tempo, nós estamos permitindo, eu vejo a gente muito acomodada. Eu acho que o dia 2, deveria... todas as redes, o movimento, os parceiros, os apoiadores, as amigas. (...) Todo esse pessoal podia estar reunido para cobrar, para mostrar nossas demandas que ninguém vê. Ninguém vê nossa demanda pela vacina[9], nossa necessidade de estarmos nos grupos prioritários. Tá quase todo mundo calado. As pessoas que têm voz e que podem chegar mais longe, que poderiam somar com a gente e levar nossas vozes para mais longe, as nossas demandas e as nossas reivindicações. A gente está fazendo as nossas reivindicações para nós mesmas. Até quero aproveitar para agradecer esse espaço, que é muito importante. Precisamos ser ouvidas” . Ela continua. “Nós temos que deixar de falar de nós mesmas. Temos que acabar com os egos, por exemplo, com o meu ego, da Vânia, o ego das ativistas, que estão aí faz vários anos. A gente tem que parar. A gente tem que colocar as nossas demandas. A gente tem que dar visibilidade ao que está acontecendo e o que está deixando de acontecer. Tem tanta questão aí. Tem coisas que as mulheres que estão no Cabaré nem sabem. Tem coisas que eu estou aprendendo agora. Eu vejo que o movimento tem mais de 30 anos e o que temos? Eu vejo o movimento que começou um dia desses, Lis? E avançaram para caramba. Temos um CBO[10] que não é divulgada e um PL (projeto de lei) que está na gaveta, mas é até bom, por que ele não é muito bom, mas temos. Temos mais duas redes, que algumas pessoas acham ruim, mas eu acho bom. (...) Quando existia só uma, ficava todo mundo lá e calado e agora não, agora tem mais gente para falar. Se a gente não provocar as coisas não acontecem. Nós precisamos nos mostrar.”

Então, eu provoco sobre como poderíamos mudar essa realidade. Vânia é quem fala. “Rapaz, está difícil, por que acontece exatamente isso que Diana falou, se acomoda, o que tá fazendo a gente ficar acomodada; é a falta de união. (...) Isso aí da vacina eu achei um desperdício. A gente fez a carta. E aí? E deu no quê? A maioria dos grupos conseguiu ser prioridade... E nós? A puta é essencial. Todo mundo trabalha com o corpo, isso a gente sabe, mas a puta usa todas as artimanhas, o corpo, o rosto... A gente vai ficar de máscara? O cara vai olhar para a gente de máscara? Quem vai chupar uma rola de máscara? É um dos grupos principais para se tornarem prioridade. E do outro lado vem a invisibilidade. A puta tem a invisibilidade. Ainda hoje, as putas não têm coragem de serem puta. Faz um seminário e a puta não vem. Quando tem uma entrevista, ela não quer dar. Sabe, Lis, durante esses anos todinhos eu me pergunto, essa questão eu me faço até hoje. (...) As mulheres não têm coragem. A culpa não é delas, não. Eu lembro quando eu era pequena minha mãe me mandava fechar as pernas, baixar a saia. A gente é criada nesse clima de invisibilidade, de preconceito, de tudo. Isso corrói as mulheres. Então, com a puta não seria diferente. Até as putas terem sua autonomia, de dizer, de não ter vergonha de dizer leva muito tempo. A gente sabe que não é fácil.”

Só nesse momento que Célia se conecta a nossa conversa, pois estava com alguns problemas em sua internet. Ela logo faz seu relato sobre o dia 2 de junho. Eu fiquei sabendo do Dia das Prostitutas faz uns dez, oito anos, quando nós entramos no movimento, né, Vânia? No Encontro que aconteceu no Rio de Janeiro, foi lá que eu ouvi falar. Daí a gente começou a trabalhar. Infelizmente, aqui no Brasil nós temos conquistas zero nesse momento. Entretanto, aqui no Piauí, a gente tem muito o que comemorar, aqui na capital nós conseguimos muita visibilidade com o novo prefeito. Nós fomos reconhecidas como um público vulnerável e prioritário, todas as Secretarias que trabalham com mulheres estão obrigadas a trabalhar também com as trabalhadoras sexuais.” Ela nos conta sobre algumas oficinas profissionalizantes e remuneradas, que algumas TS estão fazendo nesse período. Vânia comenta que acha “válido essa ação da Célia de fazer curso, uma geração de renda, mas que isso não tire as putas da zona por que nosso trabalho é dar visibilidade ao trabalho de prostituta”. Então, Célia conta que “a Aprospi nunca tinha pensando em curso. O que levou a gente a pensar em curso, em uma segunda opção de trabalho, foi a pandemia. Por que as mulheres ficaram sem lugar de trabalho e com esse projeto profissionalizante elas faziam um curso remunerado, então elas tinham um dinheirinho, por que os bares e as boates fecharam. (...) A gente não conseguiu dar cestas básicas para todas por que elas são muitas, então, elas tinham que fazer alguma coisa. Elas se reinventaram! Elas continuarão na prostituição. Ninguém diz para largar a prostituição. Até por que quem é prostituta adora fazer o que faz. (...) A prostituta gosta, ela sobrevive da prostituição, mas ainda tem medo desse estigma. Tem gente que usa a prostituição como sobrevivência, mas não luta pelos seus direitos”. Vânia então nos diz: “O que está faltando é a gente ter coragem. Faz tanto tempo que eu escuto falar em estigma, estigma, que eu não aguento mais, entendeu? Essa carga que a gente carrega. Porra, vai ficar toda a vida assim? Eu vou morrer, minha gente, e vai continuar assim. (...) A gente tem que ter uma estratégia. Como a gente faz para trazer as companheiras para perto da gente? A prostituição não é crime, não é errado. Elas precisam se identificar. Não é crime! Eu sou puta e daí? O corpo é meu e eu faço o que eu quiser com ele.”  

Esse é um momento importante que elas falam de seus desejos de mudanças e das dificuldades que enfrentam cotidianamente. Então, eu retomo algumas questões e pergunto sobre qual é o maior sonho delas, delas enquanto alguém que realiza o trabalho sexual e enquanto lideranças dos movimentos das TS. Qual seria a agenda? Eu deixo a conversa acontecer. Para Célia seria “a regulamentação da prostituição, cara!” Vânia, diz: “eu já tenho a opinião da visibilidade. Que todas tenham coragem de quebrar esse estigma. Só depois a gente tinha que pensar na regulamentação. Acho que ainda não está na hora. Eu acho que primeiro a gente tem que lutar pela visibilidade. Eu sou puta e daí? É igual a minha poesia. Eu sou feliz sendo prostituta”. Célia, retorna a falar, “eu acho assim, eu hoje não sou mais atuante, mas em todo lugar que eu falo, eu digo sempre: nós prostitutas, temos o direito sobre nossos corpos. O corpo é meu e eu faço dele o que eu quiser. Eu já quebrei esse estigma com minha própria boca. Eu quebrei o estigma com minha família, com meus amigos e com a minha comunidade. Tanto é que aqui no Piauí muitas pessoas aderiram ao movimento de prostitutas para estarem nessa luta com a gente. A gente se fortaleceu por que muita gente está do nosso lado. As outras associações que estão conosco, elas ajudaram muito a quebrar esse estigma também. (Célia cita algumas associações parceiras). Tanto é que fazemos parte de várias associações e, por isso, a gente também trabalha com as mulheres da nossa comunidade. Juntamos todas as mulheres”. Diana, reflexiva fala, mulher, meu sonho maior é justamente o que a Célia falou, mas com uma diferença, eu queria regulamentar o trabalho sexual como um trabalho. A partir do momento que você regulamenta, você tem acesso a tudo, você pode cobrar tudo, tem acesso a toda a política e daí você pode cobrar. Hoje a gente começa a falar da CBO, a gente já pode lutar, mas antes não podíamos. Agora já temos isso! A gente começou a trabalhar a CBO e então começamos a fazer valer nossos direitos. A saúde do trabalhador começou a olhar a gente também e começamos a ter mais espaços. A gente começou a se colocar como trabalhador por que antes a gente se colocava apenas como prostituta. (...) Resta a gente ter força e se unir e continuar lutando pelos nossos direitos. O problema é que as mulheres não saem da sua zona de conforto. O problema é o estigma! Quem quer ter uma carteira de trabalho escrito prostituta? Ninguém. Agora se tivesse regulamentado como trabalhador todo mundo ia começar a achar normal, a própria sociedade ia achar que era normal. Então, meu maior sonho é que realmente o trabalho sexual seja regulamentado, mas eu sei que para isso a gente precisa somar.” Vânia reforça que o seu maior sonho mesmo é que as prostitutas se identifiquem. “Meu sonho é esse, que elas se identifiquem. Depois que elas se identificarem tudo muda. Eu digo isso por que eu passei por isso. Minha gente, eu vim me identificar depois de muito tempo. Minha bandeira de luta é essa. (...) Depois do movimento que eu vi a luta, que eu comecei a me empoderar, mas para mim foi muito difícil me identificar. Esse é o meu sonho, que as putas tenham coragem, como agora eu tenho”. Diana, fala para Vânia, “põe uma coisa na tua cabeça, mulher, enquanto não tiver regulamentado, fica muito mais difícil para as mulheres terem essa identidade, afinal não é fácil tu saber que a sociedade e as próprias leis olham para o trabalho sexual como algo que não é legítimo, não é isso? Quem é que quer falar? Tem mulheres que têm até medo. Eu digo, gente não é crime ser TS, ou ser prostituta, o crime é assim e assado. (...) O corpo é nosso! Se a gente não tiver a nossa profissão regulamentada vai ficar difícil. Então ficaria muito mais fácil das mulheres se identificarem.”

Enquanto estamos nessa conversa, Célia nos conta que precisava voltar para sua casa, mas que queria continuar falando conosco. Ela nos mostra que está andando em uma moto e continua conectada. Nós rimos muito. Diana aproveita para contar que um dia desses uma trabalhadora sexual assistiu uma live no quarto com um cliente. Assistiram os dois. Entre mais risos e comentários, falamos sobre o quanto a tecnologia digital tem mesmo sido nossa aliada e da necessidade de aprendermos mais sobre isso.

E nós continuamos a conversa. Vânia conta de algumas propostas de parceria que a APPS recebe, mas que querem vitimizar as TS e a APPS não aceita. Diana conta que sempre tem uma resposta para isso: “querem tirar as TS da rua e querem colocá-las onde? Quem quiser me tirar da prostituição, pode me propor, só me diz o que irão fazer comigo? Vão me dar o mesmo dinheiro? O povo precisa é conhecer a necessidade das mulheres e não ficar com essas conversinhas”.  

Com o tempo passando, lembrei que precisávamos tirar fotos e nos preparar para encerrar. Nisso, uma das filhas de Diana aparece e nos mostra como sua barriga de grávida está grande. Todas nós quando a vimos ficamos felizes, pois temos acompanhado essa gravidez de longe. Assim, com o sentimento de que dias melhores virão e com afeto e eu peço que cada uma delas deixe um último recado.

Vânia dizeu desejo que esse dia 2 de junho, que ele seja um dia de luta, de resistência e de união, no Brasil e no mundo. E que as putas tenham visibilidade e vejam o quanto é prazeroso e gratificante o trabalho sexual”. Diana fala que quer “dar um recado para minhas colegas aqui de Natal. Olha, se elas não somarem, não estiverem comigo nessa luta, não só no dia 2, mas em todos os dias, vai ficar difícil continuar, por que uma andorinha só não faz o verão. Eu ando cansada e preciso lutar junto com elas”. E Célia termina afirmandoeu quero que nesse dia 02 de junho de 2021, as pessoas nos respeitem, o corpo é meu e eu faço o que eu quiser. Se eu quero ser TS, respeitem meu trabalho. O dia 2 de junho de 2021 para nós é um marco de resistência a todos os males. E sobre a covid-19, que as TS possam ter o direito de se tornar um grupo prioritário e que todas possam ser vacinadas”.

E assim, com discussões sérias e com muita leveza, com respeito e com vontade de mudar e com o compromisso de buscar sempre por seus direitos encerramos esse bate papo. Deixem as putas falarem! Vamos enfrentar juntas e juntos os preconceitos, visibilizar suas pautas e lutar contra a putafobia. Vamos juntas. Obrigada!

 

 

Referência Bibliográfica

PASINI, Elisiane. O que temos para comemorar no Dia Internacional das Prostitutas? Publicado em www.saudepulsando.com.br. 02 de junho, 2020.

 

[1] Célia Gomes é coordenadora da Associação das Prostitutas do Piauí (Aprospi) e da Central Única das Trabalhadoras Sexuais e dos Trabalhadores Sexuais (Cuts). Diana Soares é coordenadora da Associação das Profissionais do Sexo do Rio Grande do Norte (ASPRORN) e integrante da Articulação Nacional de Profissionais do Sexo (Anprosex). Vânia Rezende é coordenadora da Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo. (APPS) e integrante da Rede Brasileira de Prostitutas (RBP).

[2] As TS usam diferentes termos para nominar quem realiza o trabalho sexual.

[3] Para mais informações acesse o Saúde Pulsando.

https://saudepulsando.com.br/coluna.php?id=13&O+que+temos+para+comemorar+no+Dia+Internacional+das+Prostitutas%3F

[4] “O Dia Internacional das Prostitutas é comemorado em todo o mundo no dia 2 de junho para relembrar a importante ocupação realizada por cerca de 100 prostitutas na Igreja Saint-Nizier em Lyon, na França. O ano era 1975 e essas corajosas prostitutas ocuparam essa igreja como um ato de visibilizar as diferentes violências que vinham sendo vítimas: assédios policiais, fiscais e sociais. Fundamentalmente, as prostitutas protestaram contra o assédio policial, o fechamento de hotéis onde trabalhavam e uma série de assassinatos brutais que estavam ocorrendo e que não eram resolvidos. A ocupação durou mais de uma semana e durante esse tempo elas falaram sobre suas histórias pessoais, seus relacionamentos com a sociedade, suas condições de trabalho e suas demandas. A manifestação terminou quando todas foram expulsas pela polícia. Entretanto, durante esse tempo a imprensa francesa noticiou o evento de forma efetiva, mostrando tanto as prostitutas como as pessoas em torno da Igreja, que acompanharam a ocupação demostrando apoio ou não. Essa primeira ocupação resultou em outras, espalhadas pela França. Além disso, a sociedade começou a conhecer melhor a realidade das violências que as prostitutas sofriam e a luta pelos seus direitos foi se fortalecendo. Assim, as corajosas prostitutas de Lyon inauguraram o movimento contemporâneo e organizado das prostitutas. Em reconhecimento desse momento histórico, da luta e da coragem dessas mulheres, o dia 2 de junho foi declarado mundialmente como o Dia Internacional da Prostituta (cf. JAGET, 1975; MATHIEU, 1999)”. (Pasini, 2020)

[5] Luza é a Coordenadora geral da Apros PB, Associação das Prostitutas da Paraíba. Ver mais detalhes em Pasini, 2020.

[6] GEMPAC é Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará. Ver mais detalhes em Pasini, 2020.

[7] Marinalva Ferreira, a primeira coordenadora da ASPRORN, que faleceu no ano de 2007.

[8] “Puta Dei” é o nome das atividades de comemoração e de visibilização das pautas políticas das trabalhadoras sexuais no Brasil. “Lurdes Barreto, fundadora da RBP e do Gempac afirma que o “Puta Dei” é um evento de incidência política, que busca dar vozes às trabalhadoras sexuais promovendo diversão e visibilidade” (Pasini, 2020).

[9] As TS representantes das três redes nacionais de trabalho sexual demandam sua inclusão nos grupos prioritários para receber a vacina contra a covid-19. Cida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig) e integrante da RBP foi a primeira a publicitar essa questão em que organizou uma caminhada em Belo Horizonte. No final de maio, mais uma vez, as três redes se uniram e enviaram ofícios ao Ministério da Saúde com essa demanda.

[10] O trabalho sexual é reconhecido pelo Ministério do Trabalho como uma ocupação e foi adicionado na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) no ano de 2002.

“Vozes da Prostituição”, por Elisiane Pasini
Elisiane Pasini é Doutora em Antropologia e ativista feminista. Consultora no antigo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV)/Ministério da Saúde (MS) durante os anos de 2012 a 2018. Perita Júnior Local do Projeto “Apoio aos Diálogos Setoriais UE-Brasil - Fase IV” coordenado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) e pela União Europeia (UE), no ano de 2019.


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