Coordenadores de IST/aids pedem todas as PVHA no PNI da covid-19

Fac-símile do e-mail de coordenadores enviado ao DCCI

Coordenadores de programas estaduais e de capitais do País enviaram hoje ao diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), Gérson Pereira, e-mail solicitando “avaliação e apoio” do departamento do Ministério da Saúde a “incorporação no plano de vacinação nacional contra a COVID-19 de todas as PVHA, independente de valores de CD4 nas condições de priorização entre as morbidades que aumentam o risco de piores desfechos para COVID-19”.

Emitido do e-mail da Dra. Rosa Alencar, da coordenação do Programa de IST/aids paulista, o e-mail é “assinado” pelas coordenações estaduais de São Paulo, Sergipe, Paraná, Rio Grande do Sul, Amapá, Amazonas, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Acre, Goiás, Minas Gerais e Tocantins. Também foi assinado pelas coordenações municipais de São Paulo, Recife, Florianópolis, Fortaleza, São Luís e Aracaju.

Sucinto, o documento tem apenas três parágrafos, mas 11 referências bibliográficas e foi enviado anexo ao e-mail da coordenação de IST/aids paulista, que Saúde Pulsando reproduz abaixo.

 

Indicação de priorização da aplicação da vacina contra a COVID-19 em PVHA
Dados recentes de estudos conduzidos nos Estados Unidos da América e nos continentes europeu e africano, têm demonstrado piores desfechos entre as pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) com doença causada pelo SARS-CoV-2 quando comparadas à população não infectada pelo HIV. Para além dos fatores de risco já descritos na população geral (idade, comorbidades, privação social e econômica, etc), menores nadir de CD4, valores atuais de CD4 mais baixos e a ausência de supressão da replicação do HIV também foram encontrados como associados à ocorrência de doenças mais graves, com maiores taxas de hospitalização e de mortalidade. Em face destes dados, têm-se sugerido que PVHA que se enquadrem em alguma dessas condições sejam priorizados para o recebimento de vacina contra o SARS-CoV-2. 

A maior concentração de novos diagnósticos de infecção pelo HIV entre jovens (ainda em processo de controle da infecção), a maior prevalência de comorbidades e de múltiplas comorbidades entre PVHA, se comparados à população geral, cerca de 50% das PVHA em seguimento nos serviços pertencentes à faixa etária acima de 50 anos e a imunossenescência associada ao HIV acabam contribuindo para que a maioria desta população esteja sob risco acrescido para a ocorrência de complicações relacionadas à COVID-19.

Deste modo, a indicação das Coordenações Estaduais e de capitais de IST/Aids é que TODAS as PVHA (independente da contagem de CD4 e resultado de Carga viral) sejam incluídas nas condições prioritárias do Plano Nacional de Imunização (MS) para o recebimento da vacina.

 

Referências
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